“Gay” não é o contrário de “homem”. Que eu saiba, orientação sexual e identidade de gênero são coisas diferentes.
Não é porque um homem tem interesse sexual por indivíduos do mesmo gênero fisiológio que ele vai se sentir uma mulher.
Me incomoda um pouco quem fala “brincando” que o homossexual é menos “homem” que quem é hétero. A menos que essa pessoa seja um transexual, não importa por quem nem pelo que ele se interessa, vai continuar sendo homem.
Um gráfico[1] simples que fiz explicando isso:
Aliás, ser “mais homem” ou “menos homem” não deveria tornar ninguém melhor ou mais digno de respeito. Isso é puro machismo. Tanto quanto o dos próprios gays que chamam de “passiva” o outro que é mais flamboyant — ou pintoso, pra bom entendimento.
Se você usa do termo “passivo” com intuito de fazer piada com seu amigo que desmunheca mais que você, está se equiparando aos homofóbicos dinossauros que chamam o amigo de viado quando ele faz algo de errado, ou ao torcedor de futebol que chama o fã do time oponente de “bicha” pra tentar diminuí-lo.
Quem diz isso está basicamente sugerindo que ter um comportamento mais feminino implica que um indivíduo vai, necessariamente, cumprir na hora do sexo a posição de receptor, que por causa de séculos de preconceito e ignorância é equiparada à figura da mulher. Num pensamento machista e antiquado, a mulher é menosprezada e o homem que se iguala a ela merece ser ridicularizado. Isso é um aspecto cultural que já se podia observar em civilizações antigas onde a masculinidade era supervalorizada, tendo como exemplo a Grécia onde o parceiro passivo do relacionamento sofria com o estigma social.[2]
Penso que muitas vezes as pessoas que usam disso como insulto não tem noção da carga de preconceito que a atitude carrega, e é triste dentro da própria comunidade gay ver esse machismo enraizado, a tiração de onda com quem é mais espalhafatoso ou delicado.
—”Ah, mas não foi a intenção, eu nem tava pensando nesse sentido”. Também não acho que o cafuçu que chama o outro de “viadinho” está imaginando o ódio que está sustentando. É sempre bom pensar duas vezes antes de tirar uma brincadeira; você pode estar perpetuando uma intolerância secular quando deveria combatê-la.
Todo mundo merece respeito, independente do que gosta de fazer na cama, com quem gosta de fazer, do seu sexo ou identidade de gênero, e isso não deve ser motivo pra fazer chacota com seu ninguém.
Notas:
[2] http://www.banap.net/spip.php?article112 ; http://en.wikipedia.org/wiki/Homosexuality_in_ancient_Greece
[1] http://goo.gl/xL7Jf
Olá, Caio. Gostamos muito de seu gráfico e gostaríamos de utilizá-lo em um material informativo da Defensoria. Você autorizaria? Att, Vanessa Vieira – Defensoria Pública de São Paulo
Vanessa, desculpa a demora pra responder. O material já rodou? Se possível, gostaria de incluir outros itens no gráfico, pois essa versão é simplificada e pode gerar questionamentos. Faço e te envio o mais rápido possível, inclusive no formato que você preferir. Espero ter respondido a tempo
Caio, estou querendo usar seu gráfico e lhe citar, óbvio. Me autoriza?
Att, Aluizio Medeiros – SEDUC-PE
Ola Caio, eu sou professor e gostaria de usar seu gráfico numa aula que estou preparando, você autoriza a utilização, claro que irei cita-lo, tenho autorização para utilizar ?
Oi Alex. Autorizo sim, e peço que, se possível, utilize do gráfico atualizado disponível aqui https://caioalves.wordpress.com/2012/10/07/de-volta-ao-grafico/
Obrigado!
Ola Caio, sou aluna de direito e estou fazendo um trabalho sobre este tema, gostei muito de tua exposição gráfica, posso utilizar la?
Catia Coll Souza – universidade Estácio de Sá- RJ,
Sem dúvida. Pode sim. 🙂